Por razões que a razão desconhece, lá um dia um colega de trabalho repara que alguma coisa na colega ao lado tem um brilho que ele não sabe explicar. Pronto! Alguém riscou o fósforo da paixão e dali pra frente os dois decidem namorar.
A afeição entre colegas de trabalho não é novidade no mundo corporativo e tem muitos pontos positivos, mas um pouco de bom-senso sempre ajuda. É certo que a felicidade dos enamorados contagia o ambiente de trabalho e influi diretamente na produtividade, mas a confusão pode começar quando o ciúme e os percalços pessoais se misturam com o dia a dia profissional ou quando os enamorados esquecem que, apesar da paixão, ali é um ambiente de trabalho.
É difícil conciliar o encantamento entre duas pessoas com a rotina do serviço, mas administrar esse sentimento depende menos da empresa do que dos próprios enamorados.
O que a empresa não pode fazer é proibir.
Não há lei proibindo essa manifestação de afeto, e por mais que as empresas se esmerem em inserir nos seus códigos de civilidade restrições desse tipo, a regra sempre vai esbarrar no direito ao sentimento, ao afeto, à felicidade. Ninguém tem o direito de impedir que o outro cultive o jardim da sua afetividade.
Os tribunais trabalhistas estão repletos de casos de condenação de empresas por assédio ou dano moral por proibirem namoro entre seus colaboradores/as. As penas pecuniárias, normalmente pesadas, desaconselham o risco.
O que a empresa pode fazer?
- Não proibir. Os tribunais entendem que a proibição fere a dignidade do trabalhador
- Ser transparente nas regras de compliance sobre o que é e o que não é tolerado. Com isso, a empresa antecipa o que pensa sobre o namoro entre colaboradores/as e não pode, depois, ser acusada de ter criado regra de exceção
- Não punir ou advertir os enamorados/as em público, exceto nos casos de excesso, porque isso, além de ferir a sua dignidade, pode arranhar a imagem corporativa da empresa. Basta uma pequena nota crítica nas mídias sociais sobre a forma como a empresa administrou a situação para que a sua imagem corporativa seja exposta da pior forma por todos aqueles que de uma forma ou de outra se sentirem atingidos
- Chamar os enamorados/as para uma conversa reservada, elegante e honesta
- Lembrar-lhes que esse sentimento é respeitado e aplaudido pela empresa, mas que estão num ambiente de trabalho e não devem exagerar nas manifestações públicas de afeto enquanto trabalham
- Lembrar-lhes que namoro é coisa pessoal, e não pública, e que se não têm motivo para esconder o relacionamento, também não devem transformá-lo num espetáculo de sedução de modo a tirar a sua concentração e a dos outros colegas, despertar ciúmes, mal-estar, fofocas ou afetar a rotina dos trabalhos
O que os namorados/as podem fazer?
- Nunca esconder o namoro
- Levar ao conhecimento da chefia ou de algum setor equivalente o início do relacionamento
- Resolver os problemas pessoais de relacionamento fora do ambiente de trabalho
- Evitar demonstrações excessivas de afeto no ambiente de trabalho
- Serem felizes enquanto a paixão durar
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