Como lidar com a oposição no Condomínio

Em qualquer condomínio, o síndico deve saber que frequentemente suas atitudes e ações vão gerar discordâncias, muitas vezes oriundas de um grupo de “oposição” à sua gestão.

Essas discordâncias acontecem mesmo em gestões eficientes, e podem ter naturezas diversas: a incompreensão sobre os motivos das atitudes do corpo diretivo, a luta pelo poder interno, antipatias pessoais, ou mesmo uma real insatisfação com dados objetivos da gestão.

Confira abaixo algumas dicas para administrar com a maior harmonia possível, neutralizando confrontos e mal-entendidos, e defendendo-se de agressões e perseguições.

Comunique-se

  • O mais sensato é realizar uma gestão que se comunique bem, que transmita para todos os moradores os problemas, os impasses, as soluções tomadas e os devidos resultados, a fim de que sua administração seja marcada pela transparência.
  • Além das medidas mais usadas, como ter quadros de avisos em áreas comuns e enviar o balancete mensal das contas, aconselha-se realizar assembleias freqüentes e ter um meio de comunicação oficial, como jornal ou blog do condomínio.

Divida responsabilidades

  • Um dos problemas enfrentados pelos síndicos é a centralização de decisões e idéias. Isso freqüentemente gera desconfiança nos demais condôminos. É mais produtivo socializar as decisões para que todos, mesmo que não colaborem efetivamente, sintam-se integrados ao condomínio. Reuniões freqüentes com conselheiros e com a assembleia são as ocasiões mais adequadas a isso.
  • O ideal é que os conselhos consultivo e fiscal participem efetivamente do seu mandato, com reuniões periódicas, deixando claro que cada um tem uma função e que precisa exercê-la.
  • Outra boa idéias é estimular a criação de comissões de condôminos para ajudar em tarefas específicas, como obras, atividades de lazer e culturais e outras.

Não revide

  • Uma postura neutra e equilibrada colabora para evitar aborrecimentos, e até mesmo boatos a respeito do temperamento do síndico/administrador do condomínio.
  • Não é conveniente revidar implicâncias, acusações, alimentar discussões ou espalhar “contra-boatos”.
  • Sempre que necessário, esclareça situações através de comunicações coletivas.
  • Quando o caso é grave, configurando calúnia ou danos morais, ou mesmo quanto a ameaças ou agressões efetivadas, é melhor fazer um boletim de ocorrência a fim de se resguardar, ou até ingressar com ação judicial. Mostre-se firme e disposto a acabar com este tipo de atitude – revidar na mesma moeda seria justamente alimentar condutas agressivas e anti-sociais.
  • Confira jurisprudência sobre calúnias e danos morais em condomínios.
  • E é claro, não deixe de prestar os serviços rotineiros mesmo aos condôminos que o perseguem.

Ampare-se em documentos

  • Não apenas para prestar contas sempre que necessário à assembleia, mas também para defender-se de acusações feitas sobre a administração e contabilidade do condomínio, tenha sempre à mão planilhas, recibos e notas fiscais para disponibilizar a qualquer morador.
  • Ou seja, é preciso que tudo esteja organizado, além de correto.

Depoimentos

“Sou Síndico há mais de 10 anos, faço uma gestão transparente, procuro ser justo com todos os condôminos, em meu prédio não temos aumento há mais de três anos. Mesmo assim, tenho os chamados ‘opositores’, desabafa o síndico Wagner Pradela. Para ele, todos os condomínios têm o mesmo problema, “quando o síndico é bom e mostra seus resultados, sempre incomoda alguém, principalmente à oposição”.

Um exemplo de gestão transparente e democrática é dada por Pedro Ivo, da administradora CWR. Em um condomínio onde atua, mais de 60% das unidades pertencem a uma mesma família, que estava tomando decisões com interesses particulares, colocando em risco a segurança e o bem estar dos moradores.

“Queriam até mesmo rescindir o contrato de síndico, que tinha sido eleito em outra ocasião”, conta Ivo. Uma simples conversa direta ajudou a dar outra direção à gestão: “Convocamos uma reunião, deixamos claro o nosso interesse em zelar pela segurança dos moradores, e conversamos com os proprietários sobre as decisões tomadas, que estavam sendo prejudiciais ao condomínio. Depois disso, o problema foi resolvido”.

Para evitar “perseguições” e ter uma gestão harmônica, Conrado Garcia, diretor da administradora Perfil, aconselha: “máxima transparência na administração, agir sempre após consultar seus conselheiros, e não titubear na hora de uma ação judicial”.

Fonte: Pedro Ivo Lima Souza – Depto. Financeiro – CWR Consultoria e Administração; Wagner Pradela – Síndico profissional; Conrado Garcia – Diretor da Perfil Soluções para Condomínios; Dr. Antonio Joerto Fonseca – Advogado