Mentiu para o seu chefe e ele descobriu? Veja como sair dessa

Mentir é um comportamento inerente ao ser humano. Pesquisas feitas pelo psicólogo americano Paul Ekman, autor de Telling Lies (Contando mentiras, em tradução livre), revelam que as pessoas mentem, em média, três vezes em uma conversa de dez minutos. Outros estudos, conduzidos em diferentes universidades dos Estados Unidos e da Europa, complementam a conclusão: o lugar em que as pessoas mais mentem é no trabalho.

Uma das teorias para explicar essa conduta foi desenvolvida pelo economista comportamental da Universidade de Oxford, Johannes Abeler. Durante uma série de testes, ele identificou que, quando as pessoas são contatadas aleatoriamente em casa, por telefone, para responder a uma pergunta que poderia lhes render um prêmio, a maioria disse a verdade. Quando transferidos para o ambiente de trabalho, a maioria mentiu e levou a recompensa.

Com o advento das redes sociais, algumas mentiras, sobretudo quando o funcionário falta ao trabalho e alega algum mal-estar, passaram a ser reveladas, deixando o empregado em uma saia-justa. Muitas vezes, isso não ocorre por maldade. Quem nunca pensou em ligar para o chefe na segunda-feira de manhã para dizer que não está passando bem porque jantou comida tailandesa, mas a verdade era apenas a necessidade de dormir mais algumas horas e compensar a farra do fim de semana?

Há as desculpas mais recorrentes, uma evolução daquelas que as crianças adotam quando esqueceram de fazer a lição de casa: “a tia muito querida morreu”, “estou com uma virose forte”, “a cólica menstrual está de matar”. Mas aí um amigo, que também está conectado ao seu chefe no Facebook, posta uma foto sua na beira da piscina, tomando um drink elaborado dentro do abacaxi.

Se você cabulou o trabalho, não entregou um projeto ou se ausentou de uma reunião e foi pego no pulo pelo seu chefe, o que é melhor fazer? “Admita seu erro e seja verdadeiro”, diz o coach Emerson Weslei Dias. Veja as cinco atitudes ideais para lidar com o problema:

1) Confessar. Não há outra coisa a fazer que não seja admitir o erro. Inventar outra mentira só irá aumentar o tempo e a proporção da crise que acaba de iniciar. “Por pior que possa parecer, a mentira faz parte do vocabulário humano”, afirma Dias. “Desde que não traga prejuízos para ninguém, pequenas mentiras são até um modo de sair de situações difíceis.”

2) Aceitar a punição. Demonstrar entendimento sobre a situação gerada e aceitar a punição devida (afastamento, por exemplo) é sinal de que concorda e que assimilou bem a responsabilidade. “É preciso ser honesto. Se você sempre pede desculpas pelo mesmo erro, isso mostra que não foi uma situação pontual, e daí é melhor pedir ajuda profissional, de um coach ou até mesmo psicólogo”, sugere Dias. “Pedir desculpas e mostrar, de forma antecipada, a predisposição para uma ‘multa compensatória’, um ‘reparo’ pelo que foi feito, também é uma estratégia interessante.”

3) Entender os prejuízos ao chefe. A relação com seu superior poderá ficar abalada, e pode ser que ele não queira dar uma segunda chance, o que seria compreensível. “Mas a punição deve ser sempre no mesmo nível do dano causado”, afirma Dias. “Mentir por chegar 10 minutos atrasado numa reunião é menos prejudicial que dar desculpa por não conseguir entregar um projeto para um cliente.”

4) Ter cuidado. Ser pego uma vez e conseguir reverter o problema não é sinal de que, numa eventual segunda mentira, as coisas seguirão bem. Por isso, é preciso cautela ao normalizar internamente uma situação errada. Atrasos frequentes – e cada vez maiores – são um dos exemplos mais comuns de hábitos nocivos, e que podem, inclusive, acabar em demissão.

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