Quando o home office é impossível: de acesso restrito a carona solidária

Escritório da Takeda: para evitar contaminações, acesso está sujeito a aprovação da presidenteAlexandre Battibugli/EXAME

São Paulo — No universo corporativo, as precauções contra o avanço da contaminação pelo coronavírus, o Covid-19, envolvem, principalmente, o incentivo ao home office. A ideia é que as empresas reduzam a circulação, evitando que seus funcionários se exponham a situações de aglomeração, como no uso de transporte público e na circulação pelo ambiente de trabalho.

Algumas funções, no entanto, não podem ser desempenhadas em casa. É a situação vivida, por exemplo, por alguns funcionários da fornecedora de energia EDP Brasil. “Temos equipes que trabalham em operação e em campo e que fornecem energia para locais estratégicos, como hospitais”, diz Vanderlei Ferreira, diretor de gestão de risco da EDP no Brasil. “Nestes casos, optamos por descentralizar a operação, mantendo o fornecimento de energia.” Desta forma, a base onde os técnicos trabalham, que era unificada, foi dividida em terços para reduzir o contato entre os funcionários.

Na parte administrativa, a EDP adotou o home office integral no escritório em São Paulo e o rotativo para as equipes de São José dos Campos, Porto Alegre e Vitória. Neste modelo, 50% da equipe vai ao escritório e os outros 50% ficam em casa, alternando semanalmente. “Este esquema deve funcionar até que seja concluída uma avaliação tecnológica, para que todos tenham acesso a instrumentos de trabalho à distância, como videoconferência”, diz Ferreira. Quem vai ao escritório tem regras: deve almoçar em horários alternados e limpar computadores e teclados com álcool gel sempre que possível.
Além disso, a empresa vai lançar um comunicado nesta segunda-feira sobre novas ações relacionadas aos funcionários. Obtido com exclusividade pela EXAME, o documento mostra que a companhia vai ampliar a equipe de Saúde do Trabalho para reforçar o atendimento aos trabalhadores. Outra ação envolve a antecipação do 13º salário para março e a disponibilização imediata dos vales alimentação e refeição para dar mais tranquilidade e segurança aos funcionários.

Na farmacêutica Takeda, o home office, que era permitido uma vez por semana, foi liberado a todos os funcionários em tempo integral enquanto a crise do coronavírus não abranda. Aqueles que, ainda assim, precisam trabalhar no escritório da empresa, em São Paulo, também precisam se adaptar. Por lá, os elevadores foram desligados para evitar contato muito próximo. Os colegas têm se cumprimentado de longe e, na hora de trabalhar, devem ficar a uma distância de pelo menos 2 metros. Nas escadas, equipes de limpeza higienizam os corrimãos de hora em hora. O home office será intensificado a partir desta terça-feira: quem precisar ir ao escritório deverá ter solicitação aprovada por um comitê de crise e pela presidente da companhia.

Com serviços ligados a controle e automação, a Schneider Electric tem, em sua operação, posições que precisam ser executadas na sede da empresa. “Grupos como gestantes e funcionários com mais de 60 anos, sem exceção, estão liberados”, diz a gerente de recursos humanos Magda Beffa. Os demais podem se ausentar com o uso do banco de horas, e a empresa estuda a possibilidade de usar os dias de férias. Para os que não se encaixarem na situação, a ordem é evitar aglomerações. Os horários de trabalho foram alterados para evitar momentos de pico — com isso, alguns funcionários passam a entrar na empresa às 6 da manhã, por exemplo. Além disso, o ônibus fretado, que esperava os trabalhadores em uma estação de trem, passou a buscar alguns funcionários na porta de casa. Quando isso não é possível, a Schneider Electric detecta grupos de pessoas que vivem nos mesmos bairros para promover um sistema de carona solidária, pagando pelo combustível do motorista. “Nestas situações, a colaboração deve ser mútua: todos devem se ajudar.”

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